Por Fabiana Lange Brandes
Demorou 25 anos, mas o
dia chegou. Quando eu me conheci, foi amor à primeira vista. Como eu nunca
havia reparado nas formas, no jeito e no olhar que tanto brilhava? Como eu não
pude notar que diante do espelho o que eu via era o que eu tinha de mais lindo
nessa vida? Eu não sei.
Só sei que quando
passei a amar a mim mesma, entendi que durante todos esses anos eu me traí, e
não foi só uma vez. Eu me feri também, tive minhas discussões de relação comigo
mesma. Eu lembro o dia em que quase terminei comigo mesma. Era, sem dúvidas, um
relacionamento de amor e ódio.
E no dia em que passei
a amar a mim mesma, percebi que não era eu que estava errada, mas os outros.
Nesse dia, eu finalmente percebi o quanto eu menti pra mim; tudo não passava de
uma farsa.
No dia em que me
conheci, eu não usava a melhor roupa e nem havia passado maquiagem, eu consegui
enxergar o que todo mundo via, menos eu. Eu não estava magra, mas finalmente
realizei que o que eu via no espelho não era o feio, era o diferente. Que cada
curvinha tinha uma história e que cada marca na pele era pra eu lembrar sempre
do que eu já fui.
Quando me apaixonei
por mim mesma, consegui ver que não era eu a defeituosa, mas sim os outros, que
quase me fizeram acreditar nessa tão ignorante mentira.
Eu hoje consigo olhar
no fundo dos meus olhos e dizer: “Eu me amo”, sem defeitos, sem certo ou
errado, sou uma mistura de tudo que acredito e faço nesse mundo. A minha
relação comigo mesma hoje é de profundo amor e carinho, pois sei que sou um
templo o qual cabe somente a mim contemplar e cuidar.
Claro, sempre há o que
melhorar nessa relação, mas finalmente eu entendi, que essa é única relação que
vai ficar comigo pro resto da minha existência: o meu compromisso comigo mesma.